Na mídia, os aspectos referentes à nutrição diversas vezes assumem uma conotação oferecendo algo vantajoso sem realmente ser, ou mesmo regidos apenas sob uma importância financeira. A opção do que comer pode ser influenciada por questões sociais, culturais, e mesmo as biológicas e psicológicas, concorrendo na formulação da conduta alimentar de cada indivíduo. Contudo, uma vez que o mercado-indústria detém ampla parcela das fontes de informação da cadeia alimentar, a própria alimentação acaba por inserir-se numa conjuntura de marketing, reunindo necessidade e desejo do consumidor, que precisa alimentar-se. O anúncio comercial pode sim gerar modificações na ingestão alimentar das pessoas.
Tais investimentos publicitários vêem-se rentáveis com suas técnicas de marketing combinadas à atual realidade dos fenômenos da urbanização, industrialização e crescente participação da mulher no mercado de trabalho. Com efeito, e concomitantemente a essas transformações da sociedade, a estética constitui-se como outro aspecto de crescente preocupação das pessoas em nossa sociedade. Consequentemente, observa-se uma elevação de matérias pela mídia que abordam assuntos como emagrecimento e estética. Tem-se notado, contudo, conteúdos equivocados sendo disseminados, que ao invés de incrementar ao comportamento saudável, argumentam a comunicação como essencial para a atuação na preservação da saúde, mas a correta veiculação dessas notícias mostra-se pouco factível em face das implicações econômicas que se relacionam com o crescimento da audiência.
É o que se observa com a indústria do emagrecimento, que aplica a comercialização e a divulgação de produtos desenvolvidos à presa fácil que é o obeso, e exercendo sua persuasão através de revistas, exposição de dietas, declarações de famosos ex-obesos, utilizando-se da apelação de que a conquista da alegria e do aspecto jovial são alcançados com a perda de peso. O encorajamento ao seguimento destes métodos corrobora para efeitos prejudiciais às funções vitais, resultando no surgimento de doenças como anemia, anorexia nervosa e deficiência de vitaminas e minerais.
Analogamente ao exemplo citado, definições equivocadas, dispostas em textos pautados à nutrição, são veiculadas, e o que é mais preocupante e habitual, com a participação, sob o formato de entrevistas ou consultoria, de profissionais da saúde, os quais podem ser, com esta conduta, rotulados como “sem princípios” ou “sem consciência”. Ressalta-se, então, que as formas de divulgação em massa, que deveriam colaborar para fixação de hábitos alimentares saudáveis, utilizam da preocupação das pessoas e difunde conceitos incorretos, escoltados mais a modismos e interesses do que ao fato de estar conscientizando e ao proveito comum.
Assim, a divulgação na mídia de conceitos relacionados à nutrição exige debates e alterações, com a finalidade de que as pessoas tenham como acessar a conteúdos em consonância com a ciência e com a ética. Profissionais de saúde e comunicação precisam exercer seus deveres de cidadania, atuando na saúde pública e colaborando para o bem de todos. Sugere-se a realização de eventos periódicos, em que tais debates aconteçam e haja o fortalecimento da conscientização entre alunos e atuantes das profissões de mídia e saúde, de forma a repercutir em medidas mais favoráveis nessas especialidades.
Referências Bibliográficas:
http://www.apropucsp.org.br/revista/r25_r08.htm
http://www.igeduca.com.br/artigos/nao-morra-pela-boca/propaganda-e-alimentacao.html
http://www.anvisa.gov.br/propaganda/alimento_saudavel_gprop_web.pdf
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